Capitanias

Limite do para — li mito do par.
Lema: Tu, do ar.

Limo-lume... método?

Imite do para e do par.

Mim — tudo pára.
Minto do par.

dopar.

o par.

a-m(é)im.

Que sorriam os mais velhos dentre nós:

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Aleatório renunciado

No limite do outro eu hesitei. É que eu simplesmente esqueci a possibilidade, desculpa... Mais uma vez fui brusco e sem consideração. Mas acontece, não é? É aquilo de "inibir-se diante dos estímulos do coração"— você sabe que quando me enrolo nas linhas, tropeço na previsão.

Não aceitar o capricho do outro é capricho. E aí eu me despeço de você, mas você continua me olhando com carinha de criança travessa. É como se você pensasse na mesma musiquinha que eu, porque parece que a gente respira na mesma sintonia. O que se segue é um colo rápido, um beijo e uma despedida.

Poderia ter uma supresa no fim das palavras, e aí você descobrir que você sou eu mesmo, ou a parte da vida que me cabe. Mas não há surpresa. Leio infinitas vezes a carta que você me mandou e decoro cada contradição. É o confronto do dito que nos compõe...

domingo, 28 de junho de 2009

Palavras que rimam ou que têm a ver — I


— Moratori, Felipe, míope, luz, impressionismo, fetichismo, sexo, sintonia, agonia, duelo, martelo, instrumento, flauta, violino, leonino, menino, sino, morte, sorte, corte, sangue, pacto, fidelidade, saudade, ele, distância, ânsia, saliva, esquiva, movimento, corpo, ator, voz, nós, enlaço, passo, caminhar, vereda, seda, elogio, ego, cego, bengala, encosto, corcunda, bunda, tesão, tensão, corda, coração, recordar, lembrança, presente, passado, Gael Garcia Bernal, Almodóvar, cores, design, brainstorm, espontâneo, Improvício, meretrício, putaria, alegoria, Walter Benjamin, modernidade, urbano, urbe, Roma, aroma, sabor, dor, masoquismo, chicote, mascote, rato, gato, esnobe, cobre, três, reticência, carência, colo, ninar, ar, par, mar, areia, deserto, camelo, lhama, fama, cama, conchinha, carinho, vinho, Amy Winehouse, mouse, falhando, defenestrar, janela, panela, pipoca, foca, Parmalat, chocolate, adoro, poro, espinha, pinha, natal, Jesus, Madonna, cafona, uó, pó, café, quentinho, mamífero, sonífero, insônia, Babilônia, persas, mesopotâmia, rios, margem, abertura, loucura, sinestesia, estética, supérfluo, táxi-cão, perdão, cristianismo, cruz, encruzilhada, macumba, tumba, Nefertiti, tetas, vaca, malhada, fada, nada, tudo, infinito, uroburo, princípio, começo, a priori, Moratori...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

(Indi)gesto múltiplo


Engolir em cápsulas:

A dívida surpresa. A solidão. A culpa de não me abrir. As incapacidades. A falta de piedade. O não dito... O divã. A inconstância alheia. Os problemas gástricos. A minha própria inconstância. O desamor... As leituras que eu não fiz. A pressão do compromisso. O talento. A maldade do ego. Os remédios de verme... O celular quebrado. A paixão. O crescimento pessoal. A crítica elogiosa. Os falsos elogios... A necessidade de cuidado. O que está guardado na gaveta. As lentes de contato. A falta de dinheiro... A modéstia. O computador. A capacidade de fazer da vida uma novela. O agradável desespero... O convite rejeitado. A bagunça dos meus livros. O devolver dos pertences. A não-inclusão. As novas arrogâncias. As velhas relações. O medo de descobrir. A apatia. O descompasso familiar. A vontade que sei qual...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Físsil


Os lenços vermelhos e a fenda da tarde. Sente o menear da vida. Viu correr o menino-deus no campo amarelo. Imover-se de perto... Imover-se no íntimo... Disparo. O pequeno só quis dizer que era fácil. No sacodir das pernas, levaram o estrangeiro. Já não haverá. Foi o silêncio do físsil na noite.

A poeira e a insônia... O andar sem ruído. A sombra. Precisão do errante que salta. Os gatos não sabem se é água ou vidro. Assistem, cheios de si, ao último banho do menino.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Nina-me



Procuro o medo da menina que brinca no barranco à noite — não consigo botá-la pra dormir. Escolho não trazê-la ao sono: me revela, no barro, a madrugada. A menina nanando é paz. Seu riso, em meu caminho, conflito. Seu último desenho em giz de cera: borboleta.


Confie nela, quer que eu cante. Simplesmente cante. Diz que o barranco me trará surpresas: boas? Castigo cego contorcendo a interrogação. Gosta que eu a observe. E brilha na noite. Chega ao topo do barranco, do alto ela vê a luz.


Da lua minha, da manhã de mim... e a menina, brincando, me machuca. São pedras no barro — incômodo é o cheiro das unhas. Sangra ao vento o dedo que alenta o ninar. Misturou-me à terra e dorme suja de barro.

Conto o último segredo e entrego sereno a preciosa fragilidade. Trago ao colo o meu escrito no céu. Ao ouvir meu canto, sonha com borboletas...