Capitanias

Limite do para — li mito do par.
Lema: Tu, do ar.

Limo-lume... método?

Imite do para e do par.

Mim — tudo pára.
Minto do par.

dopar.

o par.

a-m(é)im.

Que sorriam os mais velhos dentre nós:

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

NASCER PELO PÉ


E a coceira bem muita:

Invadido por bichos-de-pé imaginários,
o menino desacelerou o passo
preferindo as pequenas mancadas.

Nas infâncias de Minas,
os bichos-de-pé sempre são fêmeas,
injuriando barrancos e pastos.

Gestando sua infinidade de ovos insetos,
as pestinhas não trazem cordões de umbigo como enfeites de pescoço.

E, por serem invadidas,
invadem.

Foi crescer com o bicho fêmea penetrando cada vez mais fundo no pé-de-si...

Ai!
Que pisar com o pé inteiro é aguentar o si mesmo por completo.

Por sagrada lição de mãe, 
o menino-que-nasceu-pelo-pé 
tolerou-se a vida inteira com uma infinidade de pequenos defeitos
ainda que inventados.

CORDAS COR DE AIS



“Debaixo da unha arrancada me deram uma lua sorrindo. Ao falar de uma noite anestesiada, causei dor.”

As cordas cor de ais
sobrevivem nas mãos que sabem do tempo.
E as mais potentes são as que por afeto 
se arrancaram do pé, enraizado.

Ao se querer desejado, se estalam as tais línguas de corda, 
Tateando olhos de espelho, em acordo de jogo noturno.

As cordas cor de ais, nas mãos adversárias,
discordam entre amores desenhados e
diversos sons de cordas musculares, muito mais
que apenas peito.

Naquele novo chão, que tanto diz do vidro,
elas rasgam as meias intenções, as meias soluções,
decepam as meias potências
e dilaceram as meias verdades, já esperadas.

Descoladas de portas numeradas,
Elas reordenam números de circo.
São fêmeas que amarram um triângulo amoroso
de contorcionistas.

As cordas cor de ais também amarram as dores no espaço,
moldando camisas de força que só o desamarrado explica.

...

Se funcionam de dia, desconheço.

...

Eu não gosto do se.
Mas se pudesse dizer,
diria que se todo mundo descobrisse o fim junto,
se descobrisse com o outro quando acaba,
as cordas cor de ais entrariam num acordo tão pleno
que a mais anestesiada das noites acordaria...

E na dúvida, se ainda há mais um pouco,
existe o – se – que não se gosta
o que leva as últimas cordas cor de ais,
que em sua forma só existem plurais,
independente dos amores.

E se ainda assim um pouco resta,
Basta acessar o que respira.
Desnecessário ilustrar a vontade das cordas,
o ar é pra outro tempo.

Serve de tudo e de nada àquele último espaço do corpo,
de aparência inerte,
e por dentro e agora inteiro.

BROTO ou POESIA DE ENTENDER

Desejou uma peça de teatro,
produziu um poemeto:
Nenhuma culpa. 
A semente é de cada dia.

Entrou a seguir, contrariado: 

— Mas parece um feijãozinho!
(Se andasse, um carrapato.)

E levou pra escola,
pois se em casa ficasse a mãe jogaria fora.

“O dia hoje tá grande”,
disse a voz professora, sem hora,
com lição prática sobre a teoria.

No fim do dia,
os outros plantaram feijãozinho no algodão.
Já ele plantou sua muda de casa na árvore.