Capitanias

Limite do para — li mito do par.
Lema: Tu, do ar.

Limo-lume... método?

Imite do para e do par.

Mim — tudo pára.
Minto do par.

dopar.

o par.

a-m(é)im.

Que sorriam os mais velhos dentre nós:

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

quarta


Um bocejo de conflito no ato:
— O contato é troca.
E não ataca.

A balança aprende o cuidado.
se a vida dança,
o estalo é nota.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

terceira


Chora o destino que escolhe sentido menino.
No útero se acolhe: imerso que acaba.
— Água que espera mudança esfria.

Riso-farsa disfarça verso e não dosa:
ultrapassa o afeto e acaba
sem tomar... sintonia.

Acabou o meu nome.

sábado, 18 de julho de 2009

segunda



Sorri de limite, no limbo da lente.
Sabe silêncio, verso e café.
Já não poupa trocado do transporte:
— te atravessa enquando complica.

Simples e bonito.
Outro ele, eu sou: é.
Na madrugada descubro o pé-de-si.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Limite do para mim II



I.
O terrível calor do deserto não incomoda mais que a execrável sensação da trangressão do propósito divino. Fora dos domínios do Édhen está um lugar maldito, o lugar esquecido por Deus. Rumo ao Sudoeste, pode-se encontrar caminhos pútridos, rodeados de criaturas demoníacas oriundas das trevas. Caminhos de chagas e cólera, onde se espalham abrolhos e espinhos, onde insetos infectam e urtigas ferem os pés. Quem resiste ao macabro caminho, transpondo as plagas montanhosas, encontra o mar de sangue. Eis a entrada para o reino de todos os diabos...

II.
Energia humana de qualidade elevada: a do teatro de rua.


III.
Recomeçar não é sinônimo de zerar.

IV.
Nijinski dançando no arco-íris reconcilia o céu e a terra.


V.
Lembrei de uma conversa em que alguém confessava escrever cartas para si mesmo.
Considerando que há qualquer coisa artística ou do espírito em manuscrever correspondências pessoais, quando, em circunstâncias peculiares, desejo me comunicar com esse "alguém", não hesito em lhe oferecer a minha primeira carta — nunca antes usei o correio, sempre preferi emails ou corujas.


VI.
Tenho dúvidas se crescer não dói quando penso na ecdise dos artrópodes.


VII.
Solidariedade magnífica. O rei encoraja a perseguição à caça em três direções, renunciando aos animais que se desviam à frente dele. As pessoas não precisam de advertência. Boa sorte. Eis um homem de influência que, sem nenhuma adulação, atrai poderosamente as pessoas. Deixa livre quem assim o quiser e acolhe os que o procuram, sem usar violência. Quem tiver essa pureza atrairá espontaneamente os que estão predestinados a chegar.


VIII.
(complem. ao III) Pode ser numa segunda à esquerda, plataforma 17.


IX.
Continuo compondo mantras sem querer.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

primeira



Rabisco de palavra torta, um ob-servo de aprendiz.
No longelume percebe o que míope não vê.

Muito transporta por barato. Do caro, ainda pouco carrega.
Sonora a trilha do trem que brinca.

— saber silêncio dói.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Aleatório renunciado

No limite do outro eu hesitei. É que eu simplesmente esqueci a possibilidade, desculpa... Mais uma vez fui brusco e sem consideração. Mas acontece, não é? É aquilo de "inibir-se diante dos estímulos do coração"— você sabe que quando me enrolo nas linhas, tropeço na previsão.

Não aceitar o capricho do outro é capricho. E aí eu me despeço de você, mas você continua me olhando com carinha de criança travessa. É como se você pensasse na mesma musiquinha que eu, porque parece que a gente respira na mesma sintonia. O que se segue é um colo rápido, um beijo e uma despedida.

Poderia ter uma supresa no fim das palavras, e aí você descobrir que você sou eu mesmo, ou a parte da vida que me cabe. Mas não há surpresa. Leio infinitas vezes a carta que você me mandou e decoro cada contradição. É o confronto do dito que nos compõe...

domingo, 28 de junho de 2009

Palavras que rimam ou que têm a ver — I


— Moratori, Felipe, míope, luz, impressionismo, fetichismo, sexo, sintonia, agonia, duelo, martelo, instrumento, flauta, violino, leonino, menino, sino, morte, sorte, corte, sangue, pacto, fidelidade, saudade, ele, distância, ânsia, saliva, esquiva, movimento, corpo, ator, voz, nós, enlaço, passo, caminhar, vereda, seda, elogio, ego, cego, bengala, encosto, corcunda, bunda, tesão, tensão, corda, coração, recordar, lembrança, presente, passado, Gael Garcia Bernal, Almodóvar, cores, design, brainstorm, espontâneo, Improvício, meretrício, putaria, alegoria, Walter Benjamin, modernidade, urbano, urbe, Roma, aroma, sabor, dor, masoquismo, chicote, mascote, rato, gato, esnobe, cobre, três, reticência, carência, colo, ninar, ar, par, mar, areia, deserto, camelo, lhama, fama, cama, conchinha, carinho, vinho, Amy Winehouse, mouse, falhando, defenestrar, janela, panela, pipoca, foca, Parmalat, chocolate, adoro, poro, espinha, pinha, natal, Jesus, Madonna, cafona, uó, pó, café, quentinho, mamífero, sonífero, insônia, Babilônia, persas, mesopotâmia, rios, margem, abertura, loucura, sinestesia, estética, supérfluo, táxi-cão, perdão, cristianismo, cruz, encruzilhada, macumba, tumba, Nefertiti, tetas, vaca, malhada, fada, nada, tudo, infinito, uroburo, princípio, começo, a priori, Moratori...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

(Indi)gesto múltiplo


Engolir em cápsulas:

A dívida surpresa. A solidão. A culpa de não me abrir. As incapacidades. A falta de piedade. O não dito... O divã. A inconstância alheia. Os problemas gástricos. A minha própria inconstância. O desamor... As leituras que eu não fiz. A pressão do compromisso. O talento. A maldade do ego. Os remédios de verme... O celular quebrado. A paixão. O crescimento pessoal. A crítica elogiosa. Os falsos elogios... A necessidade de cuidado. O que está guardado na gaveta. As lentes de contato. A falta de dinheiro... A modéstia. O computador. A capacidade de fazer da vida uma novela. O agradável desespero... O convite rejeitado. A bagunça dos meus livros. O devolver dos pertences. A não-inclusão. As novas arrogâncias. As velhas relações. O medo de descobrir. A apatia. O descompasso familiar. A vontade que sei qual...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Físsil


Os lenços vermelhos e a fenda da tarde. Sente o menear da vida. Viu correr o menino-deus no campo amarelo. Imover-se de perto... Imover-se no íntimo... Disparo. O pequeno só quis dizer que era fácil. No sacodir das pernas, levaram o estrangeiro. Já não haverá. Foi o silêncio do físsil na noite.

A poeira e a insônia... O andar sem ruído. A sombra. Precisão do errante que salta. Os gatos não sabem se é água ou vidro. Assistem, cheios de si, ao último banho do menino.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Nina-me



Procuro o medo da menina que brinca no barranco à noite — não consigo botá-la pra dormir. Escolho não trazê-la ao sono: me revela, no barro, a madrugada. A menina nanando é paz. Seu riso, em meu caminho, conflito. Seu último desenho em giz de cera: borboleta.


Confie nela, quer que eu cante. Simplesmente cante. Diz que o barranco me trará surpresas: boas? Castigo cego contorcendo a interrogação. Gosta que eu a observe. E brilha na noite. Chega ao topo do barranco, do alto ela vê a luz.


Da lua minha, da manhã de mim... e a menina, brincando, me machuca. São pedras no barro — incômodo é o cheiro das unhas. Sangra ao vento o dedo que alenta o ninar. Misturou-me à terra e dorme suja de barro.

Conto o último segredo e entrego sereno a preciosa fragilidade. Trago ao colo o meu escrito no céu. Ao ouvir meu canto, sonha com borboletas...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Limite do para mim I


I.
Amassar a porta do carro do pai é trauma de super-menino. Seu charme, o desnó do cadarço.

II.
O amplo de um panorama substitui-se pelo essencial de um recorte.

III.
De pedra e ovos, a constituição de uma uzunköprü antiga.

IV.
A liberdade de Adão:
"Gostava de caminhar pelo quarteirão de sua casa velha como um vagabundo reeducado. Continuava a se sentir um herói — estava vivo. Apropriou-se do tempo livre para gostar de qualquer coisa que tomaria por hábito. Diante dele, a menina corria inequívoca — o que bem sabia fazer. Deu a ela o nome Tranquilidade. E sempre, afrouxando o colarinho: nada evolui. Então, depois que resolvesse se maquiar, nunca mais a entenderiam..."

V.
O medo oprime o centro esfericamente.

VI.
O embrião do abraço — algum primeiro gesto. De-entre-tantos, não gestou aquele entre a mulher e o garoto. O que ao pudor devesse recatar se exprimia no corpo dele, especialmente da cabeça e das mãos. A ela, sem talvez, coubesse.

VII.
Molhar o ridículo no partido do guarda-chuva:
"Ao despertar de sua própria armadilha, sentiu o frio da correnteza invadiando as ausências do seu velho all star. Anunciado o próximo mau tempo, precisasse ele se deslocar, seguia a pé — havia qualquer nota dramática em se ver sujeito à intempérie. Decerto, pouparia alguns trocados do transporte."

VII.
Aos xarás: o cão se torna gato quando esnoba.

domingo, 3 de maio de 2009

Jogo para no mínimo três.


I. O PASSADO

Num quarto da infância revirovejo gavetas de móvel antigo. Desgasto para o novo a casca grossa dos contratempos e desenganos. A lixa é crua, nas costas: Gaveta vazia, garoto, serve pra guardar começo. E lixa. Queria que estivesse vazia, por não ter o que guardar.

E na gaveta, revirovejo percevejos — estão em casa de vidro.


II. O PRESENTE

Quebro manequins. Visto bailarinas de cancan. Despeço perdão. Des-penso.
Pesco ótimológico: Omito mitologemas — evito, hesito, excito.
Gasto tempo com cinto, calça listrada e cachecol.
Por redenção, oferto meus braços a bonecos.


III. ?

Estar bem no não-sei, pois o espontâneo agudo atravessa. Existir ao cubo improvisando o equilíbrio. O equilébrio? O equino e seu brio. No rabo, na crina, nos dentes — Felipe é aquele que gosta de cavalos.

Incerteza não é só uma interrogação.



segunda-feira, 27 de abril de 2009

Para os bens, para os males, para mim.


E Acorda bem. Lembra que tem uma prova da facul em duas horas. Acorda atrasado. Vai gastar pelo menos 40 minutos pra chegar lá, tem que lavar a cara, tomar café... O que! meio-dia? almoçar. Não estudou nada. Mentira, estudou pouco. Engole, transpira, chega: Prova.

No não-sei-nada, não sabe nada, sabe sim. Lembra que tem dentista em 30 minutos. Precisa acabar a prova. Língua no dente, caneta no papel. Amassa a folha, inferno.

E tudobem-tudojóia... caiu o provisório. Caiu na prova? Não, caiu comendo amendoim. Luz na cara. Vai doer pouco, vai doer pouco... Pensa em abismo. Pensa em jardim. Vai doer pouco.

Olha só, primeiro o ácido, depois o primer... não esquece de polimerizar. Aí acimenta com a prótese. Ficou tão bonitinha, olha só. Clarinha né? É, pro dente dele eu achei melhor o B2, é clarinho mesmo. Pausa dramática. Você acimentou no dente? É pra acimentar na prótese! E agora? Broca.

Pensa em abismo. Pensa em jardim.

Anestesia.

Olha, você vai ficar anestesiado bastante tempo tá? Pelo menos umas quatro horas.

Com a boca aberta, luz na cara, sugador, óculos respingado: aham.

Liberado. Caminha na volta, limpa o óculos respingado. Cadê o parafuso? Desfez-se a ponte da lupa. A ponte de Londres? A ponte do óculos. Cacete. Não enxerga. Não vê. Pelo menos o mundo é um constante quadro impressionista.

Quatro horas depois: Parabéeeeeens!!! Tudo de bom!! Saúde, paz, sucesso, amor, felicidade, dinheiro, sexo, drogas e tortuguita de chocolate.

ainda anestesiado: obrigado.

Fim do dia, uma voz iluminada: Na Hungria, azar no dia do aniversário quer dizer sorte o ano todo.



P.S. Pena que eu to no Brasil.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

4 minutos proibidos

O sereno da fala.
A fala direta.
O pior do não.
O diz-a
fogo.
O deitar-na-perna-esquerda.
— O improviso.

O obscuro da mensagem.
O malogro da chamada.
O não do declarado.
(A) surpresa que incomoda.
O muito declarado.
O instante oferecido.

A indiscrição da ausência.
O fogo no espetáculo.
O chato da pergunta.
O beijo-nos-dedos-dos-nós-na-saudade...
(A rubrica)

O nicho da espera
A foto que joga
O livro reserva
As dores do mundo.

O tempo do contra
A guerra no verde
O maduro do infante
O azul proibido.

A sutura dos talentos.
O transtorno compulsivo.
O complexo poético-afetivo.
A comida da aranha.
As mulheres de Adão.

(...)

As boas vindas.
O boa noite.
O oráculo.

Os óculos que revelam o nu que esconde.

— compôs-se um conto, ou um desenho.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Caixa-Branca

Tomando Suco de Negócio:
— "Quem sabe o que é ter e perder alguém..."

Feliz pelo Melhor de Mim:
— Está pedindo pra eu retomar a filosofia né? Vou cansar você.

Tomando Suco de Negócio:

— UHUAHUAhUAhA ok, siga!

Feliz pelo Melhor de Mim:

— A América Latina é muito romântica. Romântico, aqui, é aquele sujeito que vem depois do barroco, não necessariamente o que manda flores, ok?

Tomando Suco de Negócio:
— Ok

Feliz pelo Melhor de Mim:
— Nossa história nos ajudou a ser mais românticos que os europeus.
A coisa popularizou e, por causa disso, alguns temas são motivos frequentes em MPB.
Um deles é esse "sofrer por amor". Todo mundo gosta é por isso que vende.
Tá muito sem propósito o que eu to dizendo?

Tomando Suco de Negócio:
— Naum

Feliz pelo Melhor de Mim:
— Tudo bem gostar, também sou brasileiro, também choro ouvindo Oswaldo Montenegro.

Tomando Suco de Negócio:
— hehehe to apaixonado por um amigo meu que sabe tocar bandolins! ele é foda!

Feliz pelo Melhor de Mim:
— uahauha isso aí, vc tá pegando o espírito.

Tomando Suco de Negócio:
— HAUhUAHUAH

Feliz pelo Melhor de Mim:
— Só que o problema é que a maioria (só olhar pela janela do décimo segundo andar), que a gente chama de "massa", não tem consciência de que "internalizou" esse "romantismo histórico" e aí...

Tomando Suco de Negócio:
— todo mundo se fode

Feliz pelo Melhor de Mim:
— todo mundo se pergunta se "sabe o que é ter e perder alguem..."
(...) e explicar que ninguém é dono de ninguém vira tarefa de louco.

Tomando Suco de Negócio:
— Você ta certo

Feliz pelo Melhor de Mim:
— Amar pra mim é outra coisa.

Tomando Suco de Negócio:
— O que é?

Feliz pelo Melhor de Mim:
— Não sei responder. Vou tentar. Amar sou eu.


"Tomando Suco de Negócio" parece estar offline.

(...)
Tomando Suco de Negócio:
— Repete?

Feliz pelo Melhor de Mim:
— Claro...

Feliz pelo Melhor de Mim:
— Não sei responder. Vou tentar. Amar sou eu.

Tomando Suco de Negócio[/c] envia Bem vinda valeska.doc

Tomando Suco de Negócio:
— Profundo

Feliz pelo Melhor de Mim:
— Egoísta?

Falha no recebimento do arquivo "Bem vinda valeska.doc" de Tomando Suco de Negócio.